É comum pessoas se sentirem enjoadas em embarcações em cruzeiro ou ancoradas. Independente da origem e das características do casco, toda embarcação se movimenta deteriorando o bem-estar de alguns passageiros. Causas como instabilidade, balanço e rolagem podem ser amenizadas com os devidos equipamentos que antecipam o comportamento da embarcação.
A partir de 35 pés, o fator custo-benefício passa a ser atrativo. Porém, alguns critérios devem ser definidos para a escolha mais adequada do sistema estabilizador. Atualmente, alguns modelos chegam a substituir o uso dos tão conhecidos flaps que evitam o adernamento, estes são os estabilizadores digitais de aletas.
A aplicação de sistemas de estabilização começou em trawlers, na forma de pequenas asas que geravam certa estabilidade lateral em águas mais agitadas. Posteriormente, surgiu o giroscópio que se trata de um disco metálico que gira velozmente em um plano paralelo ao convés. Ao balanço das ondas, o disco acumula grande energia devido à alta rotação, impedindo ou diminuindo o balanço, mas isso ocorre quando a embarcação está parada ou em baixa velocidade. Quando em alta velocidade, perde a função, podendo atrapalhar a navegação ou até mesmo comprometer a segurança, logo, aconselha-se o desligamento do equipamento quando em cruzeiro.
Os giroscópios ARG (Anti-Roll Gyro) ou giroscópios anti-jogo, apresentam boa performance em embarcações ancoradas, porém são pesados (podendo acrescentar meia tonelada), caros e consomem grande quantidade de energia – o que, por sua vez, exige a instalação de geradores potentes que acrescentam mais peso ainda. Sua instalação deve ser feita sob longarinas em estágio inicial de construção da embarcação e possuir isolamento acústico, além de amortecimento contra vibrações. O sistema funciona com 110 ou 220 VCA. O procedimento para ligar e desligar o sistema é um pouco demorado. Leva cerca de 40 minutos para deixa-lo pronto para estabilização efetiva. Ao retornar à doca não se pode simplesmente desligar tudo e ir embora. Uma bomba de agua deve ser mantida ligada ainda por uma hora para refrigerar o conjunto mecânico.
Já os estabilizadores dinâmicos com aletas ativas possuem bom desempenho em embarcações tanto ancoradas como em velocidade moderada ou alta, reduzem até 90% do balanço causado pelas ondas e marolas. A redução ocorre através do movimento das aletas que se contrapõem ao movimento das ondas. Um conjunto de giroscópio e inclinômetro acoplado a um computador de bordo movimentam as duas aletas laterais através de válvulas hidráulicas proporcionais. A instalação das aletas é realizada do lado de fora do casco (como hélices e lemes), e já prevendo qualquer possibilidade de impacto, fabricantes projetaram um ponto de ruptura nas aletas para minimizar um eventual dano ao casco. Seu local de instalação poderá ser ainda fechado numa caixa estanque para oferecer máxima segurança. Em barcos de fibra, é necessário o reforço local adequado do casco e algumas vezes da estrutura de cavernas e longarinas. Como são muitas vezes instaladas debaixo de camas e dentro de camarotes, a colocação de tampas de inspeção facilita bastante sua manutenção. Em termos hidrodinâmicos, as aletas podem causar algum arrasto adicional, que em vários casos não provocam qualquer redução na velocidade. Quando isso acontece, a diferença é pequena, ocasionando uma perda quase sempre inferior a um nó.
Concluíndo a comparação, estabilizadores giroscópicos e de aletas possuem uma performance muito semelhante na situação de barco ancorado. Em cruzeiro, seja em mar leve ou pesado, estabilizadores de aletas podem produzir 10 vezes mais torque de correção do que estabilizadores giroscópicos, sem limitação de potência.
Ronald M. Barton para Estrela Náutica.